Conforme muito bem postulado por Schopenhauer, a verdade existe apenas para o indivíduo a partir de uma interpretação sensorial subjetiva. Subjetividade que permite a distorção de fatos que estão sempre sujeitos à mente, e, portanto, experiências, morais e vivências do indivíduo. Assim, vivemos em uma realidade maleável pautada em uma série de regras físicas, que, para a “mente interpretativa”, não se colocam como verdades absolutas da mesma forma que a interação entre as partículas in natura. No contexto social do homem pouco racional, isto permite com que a mente interpretativa seja usada para distorcer narrativas e criar enredos fictícios pautados em morais, vivencias ou distorcidas experiencias (como ocorre na síndrome de Estocolmo).
O que então podemos considerar como racionalidade em um mundo interpretativo, subjetivo e consequentemente, sujeito a mente do indivíduo?
A racionalidade social deve ser expressa através da capacidade crítica dos indivíduos em promover questionamentos sociais e institucionais de maneira contundente, sólida e coerente. Vale ressaltar que, se tratando de uma ciência humana, sempre haverá fatos e argumentos para ambos os lados. É exatamente neste contexto que devemos exercer a racionalidade social, ponderando as evidências de maneira crítica e imparcial. Agindo desta maneira, raramente o argumento contrario será totalmente desqualificado, mas a explicação que retem a maior coerência, solidez e contundência deve prevalecer para os intelectualmente honestos. Quando os indivíduos terceirizam sua racionalidade social, deixando com que líderes políticos, a mídia ou até mesmo youtubers, construam a narrativa para eles, temos apenas uma busca afirmativa por parte da mente interpretativa do indivíduo. Assim, a incapacidade de crítica se instala, criando fanáticos e lunáticos, que através da cega busca por confirmação de enredos fictícios geram uma falsa sensação de acurácia. Sensação esta que é retroalimentada pela própria confirmação e “apresentação de fatos” por outros fanáticos na mesma empreitada.
Instituições inquestionáveis?
Muito pelo contrário. Todas as instituições devem ser consistentemente questionadas e reavaliadas, desde que isto seja feito pautado na racionalidade social. Exercer o constante racional questionamento das instituições com finalidades práticas e de forma consistente e coerente preserva nossa individualidade dentro da sociedade. Se somos de fato seres que vivem e convivem a partir de um código normativo, personificado pela constituição, devemos colocá-la acima de nossas vontades e desejos para que a pluralidade intelectual e social desemboquem no mais amplo desenvolvimento possível. Hora isto ocorrera por vias mais arrojadas, hora por vias menos, constituindo assim um equilibrado sistema político com cheques, balanços, pesos e contrapesos.
Comentarios